Campo de anotações aleatórias que eventualmente pode criar algo útil.
Alguém foi na festa ontem? Bem, eu fui convidado mas teria que viajar até o Rio Grande do Sul para participar da "Festa da Democracia". Apenas justifiquei minha ausência, vendo outras pessoas festejando ao meu redor. É claro que isso não é motivo para não tomar partido num evento desses. Eu certamente teria votado no Cristovam Buarque para presidente. Infelizmente não foi possível fazer isso e menos feliz ainda foi o fato dele ter conseguido apenas o quarto lugar com aproximadamente 2,6% dos votos.
Eu teria vários motivos para votar no Cristovam. Ele parece inteligente e sensato, é do PDT, um partido que sempre gostei pela constante coerência, mas acima de tudo pois é o único candidato que está realmente preocupado com a educação nesse país. Alguns jornalistas notaram isso e abertamente o apoiaram, entre eles o Gilberto Dimenstein:
A bela história de Cristovam
Cristovam Buarque teve menos de 3% dos votos válidos, o que deveria colocá-lo na condição de um inexpressivo candidato. Mas é um vencedor.
Venceu, inicialmente, porque foi o primeiro candidato presidencial em toda a história do Brasil a colocar a educação como a prioridade das prioridades. Durante toda a campanha, bateu na mesma tecla, apesar de saber que isso lhe faria parecer chato. Disse o que acreditava; e, diga-se, não é uma invenção de campanha, afinal ele sempre acreditou na educação com uma chave para o desenvolvimento nacional. Está na sua biografia ter sido um dos principais criadores de uma das melhores idéias sociais brasileiras, a bolsa-escola.
Venceu, também, porque ele está navegando em uma onda contemporânea, que, com a eleição, lhe deu visibilidade e o fez recuperar o desgaste de ter sido ministro de Lula, demitido por telefone. Numa campanha de poucas idéias, Cristovam se apresentou como defensor de um projeto não apenas viável mas indispensável para o país.
Com seus 3%, que significam cerca de 2,5 milhões de votos, ele apenas adiantou o que, mais cedo ou mais tarde, um presidente terá de fazer se quiser mesmo tirar o Brasil da indigência mental e da pobreza material. Ter idéias, e lutar e ficar sozinho por elas, talvez não renda votos. Mas dá uma bela história. Já é uma coisa neste país de gente com muitos votos, poucas idéias --e quase nenhuma história.