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Algumas pessoas, mesmo que tenham vivido há séculos atrás, conseguem sintetizar idéias que podem permanecer atuais durante séculos. Mais surpreendente ainda são as várias possibilidade dentro de um único texto. Fiquei muito impressionado com o conto "As Academias de Sião", de Machado de Assis. Inicialmente, notei que o seguinte trecho ainda é muito atual:

Não foi preciso mais para que as vielas e águas de Bangkok se tingissem de sangue acadêmico. Veio primeiramente a controvérsia, depois a descompostura, e finalmente a pancada. No princípio da descompostura tudo andou menos mal; nenhuma das rivais arremessou um impropério que não fosse escrupulosamente derivado do sânscrito, que era a língua acadêmica, o latim de Sião. Mas dali em diante perderam a vergonha. A rivalidade desgrenhou-se, pôs as mãos na cintura, baixou à lama, à pedrada, ao murro, ao gesto vil (...)

Contudo, mesmo com o passar do tempo, ao ler o conto novamente, haverá algo de atual.

Ontem fui ver o filme "A Conquista da Honra". Trata-se de mais um filme sobre a Segunda Guerra Mundial. A guerra no Pacífico se extendeu até as bombas nucleares, utilizadas no início de agosto. Mas antes disso a Ilha de Iwo Jima deveria ser conquistada para que os E.U.A tivesse controle aéreo da região. O filme é ótimo dentro do que se propõe, que é explicar e discutir os acontecimentos em torno da famosa foto:


Hoje parece muito fácil ver filmes como esses: tudo está tão distante do nosso cotidiano que quase não existem motivos para se emocionar, a menos de cenas bem tramadas e dirigidas, o que é mais mérito do diretor e/ou roterista do que da realidade.

Contudo, garanto que várias pessoas se senbilizariam muito com filmes de guerra dos dias de hoje. Essas pessoas não são meus colegas, amigos ou familiares de estômago fraco. Eu não conheço qualquer uma delas pois estão muito longe e num mundo tão distante do meu cotidiano que nem mesmo consigo me dar por conta da suas existências, a menos que eu abra o Estadão e me depare com a foto de uma delas